
À beira-mar numa bela noite de luar meus cabelos negros esvoaçavam ao sabor do vento. Meu corpo iluminado pela luz da lua, trémulo, sentia o ar frio da brisa do mar. Enterrada nos meus pensamentos alucinantes.
Recordei por momentos as tuas palavras, palavras não romanceadas, palavras amargas.
Por instantes imaginei-te à minha frente, como uma magia perfumada, uma aura de mistério…
Senti, o toque suave da tua pele nua na minha, por momentos numa troca de olhares vi o teu olhar meigo e doce.
E… inesperadamente algumas lágrimas brotaram dos meus olhos fechados…
Deparei-me com as mãos a tapar o meu rosto ensopado de lágrimas e com um sentimento de perda, um vazio profundo, algo indecifrável, algo que nunca imaginei acontecer…
Contudo, eu estava ali sozinha, perdida, com os meus frágeis pensamentos a tilintarem em minha mente esgotada, cansada, obrigando -me ver o que não queria…
A noite começou resfriar, tornando o ar, frio e húmido, daquela praia, o meu vestido fino de seda, com a luz do luar, via-se a silhueta do meu corpo, esguia de contornos perfeitos.
Algures na escuridão da noite avistava-se uma luz vermelha, que outrora tinha sido um farol para os pescadores não se perderem no mar, nas noites de tempestade.
Comecei, pé sobre pé, a caminhar para o mar, uma, duas, três passadas sentia, o toque suave da areia fina nos meus pés descalços.
As minhas pernas trémulas pediam-me para me sentar na areia, olhei em frente e vi as ondas do mar, grandes e robustas, omnipotentes, a morrerem junto aos meus pés.
Senti um doce aroma de perfume no ar, porém, não um perfume qualquer, mas sim, um peculiar perfume afrodisíaco, um perfume que me era familiar…
Senti uma presença trás de mim…
Pressenti, uma sombra, um corpo quente aconchegante a colar-se ao meu…
como um sopro de vento forte, levantou-me alguns fios de cabelos, puxando-os levemente para trás. Naquele momento meu corpo frágil, estremeceu, estremeceu e vibrou, senti um rosto a afagar-me o meu pescoço, uns suaves lábios a acariciarem-me a minha pele exposta.
Senti, dois braços envolveram-me, apertaram-me com força, sentindo os meus ossos a doer, e uma elevação da temperatura do meu corpo, um aconchego…
Dois braços fizeram o meu tronco descair, puxando-me suavemente, sem forças para resistir, o meu corpo obedeceu, e deitou-se na areia.
Deitado ao meu lado, o seu braço esticou-se muito suavemente, tocou-me com os seus quentes,delgados dedos, no meu rosto ameno.
Seus lábios com ternura procuravam e encontravam os meus num silêncio taciturno.
Seus dedos ao tocarem-me continham um suave carinho, uma doçura, uma tentação que descia pelo meu corpo…
Senti o sensível toque suave a percorrerem-me o meu corpo com beijos fugazes… Entretanto, as suas mãos com agradáveis carícias percorreram a minha pele despida despertando-me paixão… desejo.
Num sussurro no meu ouvido escutei, uma palavra, que tanto, esperava e ansiava ouvir, “amo-te”.
Dois corpos rolaram na areia, dois corpos se uniam, dois corpos…
Roupas esvoaçavam ao sabor da brisa com uma inquietude tremenda…
toque… pele com pele, beijo com beijo…saboreamos o néctar dos deuses …
Senti-me a despertar de um sono, de um sono profundo, tranquilizante, reparador, em simultâneo uma luz forte dourada perturbava-me a minha visão, obrigando-me a abrir os meus olhos. Esfreguei -os com as costas das mãos, retirei os cabelos negros, sob o meu rosto. Os raios de sol entravam, e iluminavam as paredes do quarto, “que me era familiares” com uma fulgente áurea. Senti os lençóis suaves na minha pele nua a aquecerem-me, a alguns palmos de distância, o teu lado vazio da cama sentia a tua falta…
Por momentos, fui enredada numa teia de pensamentos, pensamentos agradáveis, deliciosos, e ao mesmo tempo perturbadores, confusos, nublados, sombrios, pelo facto de não recordava o dia anterior, tudo não passaria de um sonho? Confusa, destroçada, não queria acreditar, sozinha ali novamente, seria as malhas do destino? O que pretendia ele de mim??? Na minha mente, cansada, esgotada, surgia apenas, e só, aquele sonho maravilhoso… uma noite numa praia vazia, uma lembrança ao luar …
Num acto impensado, deitei-me para o outro lado da cama, esforçando -me e obrigando-me a voltar àquele belo sonho, porém sem sucesso…
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(¸.•´ (¸.•` *Nárwen*
