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Uma lembrança ao luar…

Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007

Uma lembrança ao luar…



À beira-mar numa bela noite de luar meus cabelos negros esvoaçavam ao sabor do vento. Meu corpo iluminado pela luz da lua, trémulo, sentia o ar frio da brisa do mar. Enterrada nos meus pensamentos alucinantes.
Recordei por momentos as tuas palavras, palavras não romanceadas, palavras amargas.
Por instantes imaginei-te à minha frente, como uma magia perfumada, uma aura de mistério…
Senti, o toque suave da tua pele nua na minha, por momentos numa troca de olhares vi o teu olhar meigo e doce.
E… inesperadamente algumas lágrimas brotaram dos meus olhos fechados…

Deparei-me com as mãos a tapar o meu rosto ensopado de lágrimas e com um sentimento de perda, um vazio profundo, algo indecifrável, algo que nunca imaginei acontecer…
Contudo, eu estava ali sozinha, perdida, com os meus frágeis pensamentos a tilintarem em minha mente esgotada, cansada, obrigando -me ver o que não queria…
A noite começou resfriar, tornando o ar, frio e húmido, daquela praia, o meu vestido fino de seda, com a luz do luar, via-se a silhueta do meu corpo, esguia de contornos perfeitos.

Algures na escuridão da noite avistava-se uma luz vermelha, que outrora tinha sido um farol para os pescadores não se perderem no mar, nas noites de tempestade.
Comecei, pé sobre pé, a caminhar para o mar, uma, duas, três passadas sentia, o toque suave da areia fina nos meus pés descalços.
As minhas pernas trémulas pediam-me para me sentar na areia, olhei em frente e vi as ondas do mar, grandes e robustas, omnipotentes, a morrerem junto aos meus pés.
Senti um doce aroma de perfume no ar, porém, não um perfume qualquer, mas sim, um peculiar perfume afrodisíaco, um perfume que me era familiar…

Senti uma presença trás de mim…
Pressenti, uma sombra, um corpo quente aconchegante a colar-se ao meu…
como um sopro de vento forte, levantou-me alguns fios de cabelos, puxando-os levemente para trás. Naquele momento meu corpo frágil, estremeceu, estremeceu e vibrou, senti um rosto a afagar-me o meu pescoço, uns suaves lábios a acariciarem-me a minha pele exposta.
Senti, dois braços envolveram-me, apertaram-me com força, sentindo os meus ossos a doer, e uma elevação da temperatura do meu corpo, um aconchego…

Dois braços fizeram o meu tronco descair, puxando-me suavemente, sem forças para resistir, o meu corpo obedeceu, e deitou-se na areia.
Deitado ao meu lado, o seu braço esticou-se muito suavemente, tocou-me com os seus quentes,delgados dedos, no meu rosto ameno.
Seus lábios com ternura procuravam e encontravam os meus num silêncio taciturno.
Seus dedos ao tocarem-me continham um suave carinho, uma doçura, uma tentação que descia pelo meu corpo…
Senti o sensível toque suave a percorrerem-me o meu corpo com beijos fugazes… Entretanto, as suas mãos com agradáveis carícias percorreram a minha pele despida despertando-me paixão… desejo.
Num sussurro no meu ouvido escutei, uma palavra, que tanto, esperava e ansiava ouvir, “amo-te”.
Dois corpos rolaram na areia, dois corpos se uniam, dois corpos…
Roupas esvoaçavam ao sabor da brisa com uma inquietude tremenda…
toque… pele com pele, beijo com beijo…saboreamos o néctar dos deuses …


Senti-me a despertar de um sono, de um sono profundo, tranquilizante, reparador, em simultâneo uma luz forte dourada perturbava-me a minha visão, obrigando-me a abrir os meus olhos. Esfreguei -os com as costas das mãos, retirei os cabelos negros, sob o meu rosto. Os raios de sol entravam, e iluminavam as paredes do quarto, “que me era familiares” com uma fulgente áurea. Senti os lençóis suaves na minha pele nua a aquecerem-me, a alguns palmos de distância, o teu lado vazio da cama sentia a tua falta…
Por momentos, fui enredada numa teia de pensamentos, pensamentos agradáveis, deliciosos, e ao mesmo tempo perturbadores, confusos, nublados, sombrios, pelo facto de não recordava o dia anterior, tudo não passaria de um sonho? Confusa, destroçada, não queria acreditar, sozinha ali novamente, seria as malhas do destino? O que pretendia ele de mim??? Na minha mente, cansada, esgotada, surgia apenas, e só, aquele sonho maravilhoso… uma noite numa praia vazia, uma lembrança ao luar …

Num acto impensado, deitei-me para o outro lado da cama, esforçando -me e obrigando-me a voltar àquele belo sonho, porém sem sucesso…



*´¨)
¸.•´ ¸.•*´¨) ¸.•*¨)
(¸.•´ (¸.•` *Nárwen*







pensamentos: Uma lembrança ao luar…

publicado por Nárwen às 20:14

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1 comentário:
De . a 28 de Fevereiro de 2011 às 03:03
sobre o luar.

Passar despercebida era a intenção, só queria encontrar meu sentido; e observando percebi que estrelas nunca deixaram de me observar. Talvez elas sejam as únicas que pensam como eu, vejam só, não sou tão estranha quanto dizem, faço parte de uma grande maioria, elas são milhares.
Eu sempre tão igual e tão sozinha entre milhares, sempre me senti grande, por ser única - mas eu sou pequenina. Qualquer um é maior que eu, a não ser para um, Ah, sou tão grande para um alguém.
O vento que bate á janela me convida á subir no telhado. O luar me encontrou, ele também era único entre milhares. Ele também me esperava, ele era grande para mim -
Era a maior de todas as estrelas.
Quantas vezes olhei o céu que me cobre por inteiro e nunca o tinha reparado por lá? Quanta distração minha. Ou talvez ele que nunca tivesse olhado para mim. Tanto faz. Pois esse mesmo luar deu-me o Universo.
Encontrei meu mundo, habito no vasto Universo, no Universo só meu, naquele mesmo que começa á milhas de minha cabeça e não termina depois de meus pés.
Sempre soube que a luz de uma estrela seria o meu sentido, tive certeza quando o brilho de uma delas se fez imenso diante do meu olhar.
Agora sei que o meu luar não será o mesmo que o seu. Ouça o vento, saia na janela, suba no telhado – que ele virá a teu encontro, virá te buscar. Encontre um Universo só teu. Com o luar maior que qualquer outro e com milhares de estrelas – mas sempre deixe uma partir para que ela vá ao encontro de quem se encontra á espera dela em um telhado.


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